Jovens dão o clima na COP26

18 de novembro de 2021 0 min

Participação de indígenas brasileiros também fez a diferença; saiba o que é e o que rolou


A 26ª Conferência do Clima da ONU, que aconteceu em Glasgow, na Escócia, é considerada a maior reunião multilateral do planeta. Durante duas semanas, os chamados "líderes" de cerca de 200 países signatários do Acordo de Paris debateram maneiras de os países conseguirem, juntos, diminuir os impactos das mudanças climáticas nas próximas décadas, criar ações de desenvolvimento e preservação do meio ambiente, diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estufa e aquecimento global, entre outros assuntos. E mais uma vez os jovens foram os grandes protagonistas do encontro.

O engajamento dos jovens na luta contra a emergência climática ganhou força a partir de 2018, quando a ativista sueca Greta Thunberg apareceu e começou a viajar pelo mundo mobilizando milhares de adolescentes.

Mas nesta edição da conferência, quem roubou a cena foi a jovem indígena brasileira Txai Suruí, indígena de 24 anos do povo Suruí, em Rondônia. Ela foi a única brasileira a discursar na abertura do evento, em 1º de novembro. No discurso, ela criticou “promessas falsas” para o clima, pediu espaço aos indígenas nas decisões e mais proteção contra a violência.

Sônia Guajajara e Joênia Wapichana (Rede RR), única deputada índigena do Brasil, além de participarem dos protestos em Glasgow, discutiram a agenda climática com nomes como John Kerry, representante dos EUA para o clima, e o príncipe Charles.

Mais de 40 lideranças indígenas, a maioria mulheres, foram ao evento para participar das negociações e reivindicar a demarcação de terras.

Em texto durante o evento, o objetivo global a longo prazo de manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo dos 2ºC até 2050, na comparação com níveis pré-industriais e de esforço para limitá-lo a 1,5ºC, foi reafirmado, embora se reconheça que no cenário pós pandemia será difícil. 

Confira o que é a COP e o que foi discutido no evento.

O que é
A COP é a abreviatura de Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que é um evento que acontece anualmente, mas foi adiado no ano passado por causa da pandemia.

Os líderes mundiais comparecem, mas muitas das discussões acontecem entre ministros e outras autoridades de alto nível que trabalham com questões climáticas. O 26 significa que esta é a 26ª reunião do grupo.

O que se discute
A Terra está aquecendo por causa da emissão de combustíveis fósseis pela ação humana. Eventos climáticos extremos ligados às mudanças climáticas, como ondas de calor, alagamentos e incêndios florestais, estão se intensificando. A década passada foi a mais quente já registrada, e governos concordam que uma ação coletiva urgente é necessária para que os piores cenários previstos pela ciência não se concretizem, se nada for feito para conter o aquecimento global.

Como acontecem
As conferências são eventos massivos com muitas reuniões paralelas e reúnem pessoas do setor empresarial, empresas de combustíveis fósseis, ativistas do clima entre outros grupos com interesse na crise climática.

Alguns deles são bem-sucedidos – o Acordo de Paris foi firmado durante a COP21, por exemplo.

Como foi
Para essa conferência, cerca de 200 países apresentaram seus planos de corte de emissões até 2030. Todos eles concordaram em 2015 em promover mudanças para manter o aquecimento global "bem abaixo" de 2°C e assim tentar atingir 1,5°C - para evitar uma catástrofe climática. É o famoso Acordo de Paris, e significa que os países têm que continuar fazendo cortes maiores nas emissões até chegar à neutralidade nas emissões de carbono em 2050. Ou seja, as emissões que não podem ser evitadas por tecnologia limpa em 2050 deverão ser soterradas com a tecnologia de captura e armazenamento de carbono ou absorvidas por plantas e solos

Como pode me afetar
Os acordos estabelecidos entre os países em Glasgow podem afetar diretamente o nosso dia a dia. Mas como? Por exemplo, na luta contra a emissão de gases poluentes, podem determinar se você vai dirigir um carro a gasolina, usar aquecedor elétrico ou viajar de avião.

Para entender melhor:
Acordo de Paris: Há cinco anos atrás, mais de 190 países assinaram o Acordo de Paris após a reunião da COP21, para limitar o aumento das temperaturas globais abaixo de 2 graus Celsius dos níveis pré-industriais O ideal seria de 1,5 graus, como foi debatido na edição deste ano.

Meio grau pode não parecer uma grande diferença, mas os cientistas dizem que qualquer aquecimento adicional além de 1,5 grau irá desencadear eventos extremos climáticos mais intensos e frequentes.

Por exemplo, limitar o aquecimento a 1,5 grau em vez de 2 graus pode resultar em cerca de 420 milhões de pessoas a menos sendo expostas a ondas de calor extremas, de acordo com a ONU.

O que foi discutido no evento

• Manter a meta de “1,5 grau viva”, uma meta a que alguns países produtores de combustíveis fósseis têm resistido;

• Colocar uma data limite para acabar com o uso de carvão “inabalável”, o que deixa em aberto a possibilidade de continuar usando algum tipo carvão, desde que a maior parte das emissões de gases de efeito estufa do combustível fóssil seja capturada, impedindo-os de entrar na atmosfera. Alguns cientistas e grupos de ativistas disseram que todo o carvão deveria ser relegado à história;

• Fornecer US$ 100 bilhões de financiamento climático anual, o que as nações ricas concordaram, para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir as emissões de combustíveis fósseis e se adaptar aos impactos da crise;

• Fazer com que todas as vendas de carros novos sejam de zero emissões em 14 a 19 anos;

• Acabar com o desmatamento até o final da década, já que as florestas desempenham um papel crucial na remoção de carbono da atmosfera;

• Reduzir as emissões de metano, um gás potente com mais de 80 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono.



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