A LINHA DO TEMPO DA HISTÓRIA DA GASTRONOMIA: uma experiência com Aprendizagem por Projeto (PBL) em História.

Por | Publicado em 08/03/2016

Para que os alunos pudessem compreender a diversidade de hábitos, costumes, períodos históricos, tradições, manifestações religiosas sobre a gastronomia no Brasil e no mundo, adotou-se a Aprendizagem Baseada em Projeto, com o propósito de, ao final do período, os alunos construírem uma linha do tempo da história da gastronomia.

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A atividade foi desenvolvida com 82 (duas turmas – 45 alunos no turno da manhã e 37 à noite), do 2º período do curso de Tecnologia em Gastronomia, ao longo do primeiro bimestre do segundo semestre de 2015. Vale lembrar que em 2015/1 foi realizado um projeto-piloto para validar a metodologia.

As turmas foram divididas em sete equipes, de livre escolha por parte dos estudantes, e em seguida cada uma escolheu seu líder, aquele que coordenaria todo o desenvolvimento do trabalho, já que a atividade seria desenvolvida totalmente em grupo.

– O tema de pesquisa/estudo de cada equipe foi definido por meio de sorteio, considerando as etapas cronológicas da história da gastronomia. Era fundamental que cada aluno percebesse a importância do conceito de cultura, entendendo que a comida é cultura e faz parte do patrimônio cultural de um povo. Dessa forma poderiam resgatar os fatos, elementos e personagens mais marcantes na história da alimentação, da culinária e da gastronomia.

– Em seguida teve início a pesquisa bibliográfica sobre o assunto; os alunos deveriam partir das indicações relacionadas no plano de ensino da disciplina e ampliar as fontes, especialmente para buscar imagens, ilustrações e receitas referentes ao período estudado. Era muito importante que procurassem resgatar as memórias culinárias da época em questão.

– A seguir a equipe deveria elaborar o projeto de pesquisa, apresentando a questão-problema, que era a seguinte: quais são as permanências e inovações que se pode encontrar ao longo da história da gastronomia?

Consideração as características e objetivos que definiram para trabalhar seu tema e apresentar seu trabalho, as estratégias escolhidas foram: revista (física e/ou digital), jornal (impresso, digital e/ou televisivo), exposição fotográfica, Prezi acompanhado de folder, mapa mental, vídeo-documentário, talk show.

– Foi elaborado um cronograma das atividades de acordo com o calendário do planejamento das aulas da disciplina.

– A primeira avaliação foi a apresentação do projeto de cada equipe para o grande grupo, momento no qual as críticas e sugestões tinham um caráter de contribuição para que cada equipe ajustasse seu trabalho.

– Cada etapa deveria ser apresentada à professora e/ou postada no AVA (Ambioente Virtual de Aprendizagem) e, algumas delas, partilhadas via plataforma, com o grande grupo.

– A instituição, por meio de seu setor administrativo, disponibilizou, quando necessário, o espaço necessário para as equipes exporem seus trabalhos, bem como forneceu alguns materiais básicos, tais como, arames, papelões, suportes para banners, etc.

– Por meio do AVA e do edital do curso foi divulgada a data da apresentação dos trabalhos finais para a comunidade acadêmica.

– Como resultado as equipes elaboraram uma apresentação para  os demais acadêmicos do curso com o conteúdo teórico sobre o assunto e disponibilizaram o conteúdo na sala de aula virtual, apresentando o projeto desenvolvido. Para a comunidade acadêmica em geral a apresentação se deu na forma de exposições.

– Fazia parte do processo explicar em detalhes como o projeto foi desenvolvido, sua relação com os conceitos teóricos, as características da estratégia adotada, apresentando o resultado final. Lembre-se que ao longo de todo o projeto os alunos foram os protagonistas e a professora a orientadora, facilitadora do processo.

A metodologia aplicada – o PBL (Aprendizagem por Projeto) favorece a construção coletiva do conhecimento pelos alunos, estimulando-os que desenvolvam sua autonomia, responsabilidade e espírito de cooperação, uma vez que esse é um processo que inverte a sala de aula. Isso porque há também a proposição de atividades de pré-aula, aquelas que o aluno deveria realizar para poder avançar etapas na elaboração do projeto e atender às demandas do seu grupo. Trata-se de uma aplicação da Peer Instruction, ainda que não se tenha feito uso dos clickers para avaliação.

A inovação foi a implementação de uma metodologia ativa que possibilitou que os alunos fossem protagonistas no seu processo de aprendizagem numa disciplina que é eminentemente teórica, como a História, e que comumente não desperta o interesse dos alunos num curso de tecnologia, que tem um caráter prático.

Inicialmente foi de fazer os alunos entenderem o seu papel no desenvolvimento do projeto e sua responsabilidade junto à equipe de trabalho. Também houve um certo estranhamento com a manipulação das fontes de pesquisa.

Galeria de Imagens

Atividade realizada em: Gastronomia

Conteúdo Programático

  • O conceito de cultura, suas aplicações na história da gastronomia e o gosto como produto cultural e fator distintivo entre os homens.
  • Períodos da história da gastronomia a partir da compreensão do alimento enquanto categoria histórica. Comida e memória: permanências e mudanças.
  • A evolução técnica da humanidade em relação à alimentação.
  • Impactos socioeconômicos decisivos em cada contexto histórico.
  • Produção, produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos no mundo.
  • A influência francesa na gastronomia mundial.
  • O surgimento dos restaurantes e as principais etapas da sua evolução.
  • Grandes chefs e sua influência para a gastronomia

Número de Alunos que Participaram da Dinâmica: 82

Tempo de Aplicação: Um bimestre/oito semanas

Avaliação do Desempenho dos Alunos

– Cada grupo acabou escolhendo uma estratégia diferente e todas as sugeridas foram contempladas, o que mostra que houve grande interesse dos alunos por destacar sua apresentação no universos da turma.

– A avaliação foi continuada e formativa, uma vez que contemplou desde a autoavaliação até a avaliação intra e entre grupos, por meio de formulário próprio para cada uma delas. Inicialmente cada aluno realizou uma auto avaliação para analisar a sua participação na elaboração do trabalho. Cada equipe avaliou as demais nos critérios conteúdo e apresentação, por meio de uma ficha, posteriormente entregue à professora. Por fim, a professora avaliou cada apresentação, considerando na nota final as notas das etapas intermediárias, as notas atribuídas nas auto avaliações e pelas outras equipes, chegando assim à média final. Como no curso de tecnologia na instituição a avaliação se dá por competências, cada etapa equivalia a uma parte das competências relacionadas a esse conteúdo programático (num total de 6 das 10).

Os alunos de um curso prático como esse tendem a desqualificar e até se desinteressar por disciplinas teóricas como História. Mas o que se viu foi um grande interesse pela proposta, inovadora para a maioria deles, habituados apenas a aulas expositivas.

O rendimento dos alunos melhorou e o número de alunos em Reconstrução (prova final ao final do semestre) caiu 21% em relação ao semestre anterior (projeto-piloto foi aplicado com uma turma de 32 alunos). Redução de 26% nos atrasos, aumentando a assiduidade e diminuição de trancamentos e cancelamentos.

 

Indicadores

No próximo semestre pretende-se adotar a Aprendizagem por Times (TBL) em paralelo com o PBL para organizar as equipes e privilegiar outras formas de avaliação e também intensificar a aplicação da Peer Instruction. A ideia é utilizar os cartões similares aos clickers para realizar quiz e questionários sobre o conteúdo trabalhado no meio e ao final do projeto, como mais uma forma de, quando necessário, sanar as eventuais dúvidas dos alunos.

Serão ajustados os indicadores para acompanhamento e avaliação do projeto já para 2016/1, procurando criar as condições para se avaliar também, de forma mais sistematizada, a melhoria do desempenho acadêmico dos alunos.

Observações

A ideia é ampliar o projeto tornando-o interdisciplinar, envolvendo todas as disciplinas cursadas pelos alunos no período, como forma de desenvolver competências e habilidades relacionadas à visão sistêmica do “negócio” gastronomia. Parte-se da premissa de que ao conhecer a história da gastronomia os alunos estejam mais aptos à gestão e a desenvolver sua criatividade, inovando na área.


Palavras Chave: comida, cultura, gastronomia, história

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